É tão simples amar.
- Oi princesinha! - Disse seu pai a Laura.
- Papai, eu não sou princesa - Retrucou Laura com a voz embargada, pois queria chorar.
- Por que está dizendo isso? Você é minha princesinha sim! A princesa mais linda pra mim!
- Não sou princesa! A tia da escola disse que os reis, rainhas, príncipes e princesas não existem! Que só existem na Inglaterra!
O que poderia um pai responder agora? Dizer que era verdade? Otávio não gostava de mentir, mesmo que fosse uma mentirinha boba. Decidiu, então, insistir em dizer você é uma princesa, já que não pensara em nenhum argumento.
- Mas, sou uma princesa de qual reino? A tia disse que não existe reino.
- Existe sim, querida! - Respondeu seu pai, quando havia lembrado de que conhecia um. Sempre quis falar sobre esse reino com sua filha, mas ela era tão nova e não iria compreender.
- Fala sobre ele, então, papai! Sobre o reino, sobre o Rei.... Ele é bonito?
- Calma, Laura! Senta aí, sapequinha! Vou contar sobre esse reino do qual você é a princesa! Quer dizer... Uma das princesas!
- Tem outras princesas? - Laura estava entusiasmada.
- Tem sim, Laura! Então, vou começar falando sobre o rei: Ele é um tanto estranho.
- Estranho... Por que, estranho?
- Porque ele governa de maneira diferente. No seu Reino às vezes é preciso cegar pra enxergar.
- Hã? Como, papai? Os cegos enxergam mais que os que já conseguem exergar?
- Ás vezes, quando muito se vê, muito quer controlar. E o Rei deste reino quer ter o controle de tudo, principalmente de nossas vidas! E sabe o que é mais estranho? Ele não impõe esse controle! Ele só controla sua vida se você quiser!
- Puxa.. Eu tenho duas perguntas: O que é "impõe"? E por que ele quer ter o controle da vida das pessoas?
Seu pai riu. Laura sempre questionava o porquê de tudo.
- Filha, impor é o mesmo que obrigar. E quanto ao rei, ele gosta de estar no controle da vida das pessoas, porque Ele quer o bem das pessoas, e porque ele conhece muito bem todas as pessoas, mesmo que as pessoas não o conheçam muito bem. Logo, ele sabe o que é melhor pra mim, pra você, pra sua mãe... E também ele é muito sábio e inteligente.
Os olhos de Laura brilhavam. Queria conhecer esse sábio Rei, ainda mais porque ela era princesa do reino dEle.
- Pai! Fala mais!
- No reino dEle, o rico nem sempre é rico, o pobre nem sempre é o pobre, o maior é o menor, e o menor é o maior. O que perde ganha, o que ganha perde, aquele que dá recebe...
- E lá as pessoas se amam muito? E onde fica lá? Como eu vou pra lá? - interrompeu Laura .
- Eita! - Gargalhou seu pai - uma pergunta de cada vez, senão papai se perde! Bem, lá as pessoas se amam muito, muito mesmo. O amor é uma das coisas mais importantes de lá! E quanto as outras duas...
Laura o interrompeu outra vez:
- Papai, deixa pra lá. Eu já sei a resposta pra essas duas perguntas.
- Qual? - Disse seu pai surpreso.
- O Reino fica onde está o amor.Então, eu já estou nele. É aqui papai!
Otávio deu um suave sorriso, pegou sua filha pelos braços e com uma lágrima prestes a descer de seus olhos a abraçou.
- Que foi, papai? Por que está chorando?
- Porque você, minha filha, é a maior por aqui.
- Mas eu só tenho sete anos, o senhor é o maior daqui!
Laura balançou seu pai, e instantaneamente ele acordou de suas lembranças.
- Pai, no que estava pensando? Estou perguntando se o senhor pode me levar pra casa da minha prima hoje e o senhor não me responde! Hoje é sábado, aniversário dela, lembra?
- Ai, minha filha, desculpe! Estava lembrando de quando você era pequena...
- E o que lembrou?
- Lembrei das perguntas que você me fazia e que faz até hoje. Você sempre foi muito questionadora.
Laura riu anuindo com a cabeça. Seu pai, logo em seguida a abraçou e disse:
- Te amo, filha.
Laura admirava muito seu pai, principalmente, porque dava muito carinho e correção. E aquele era mais um momento carinhoso, porém não entendera exatamente o que estava acontencendo e o porquê daquele abraço inesperado. Decidiu, então, corresponder àquele momento:
- Eu também, pai!