terça-feira, 15 de outubro de 2013

Tentativa de uma oitava rima

O professor pediu para que produzíssemos uma oitava rima em sala. Para quem não sabe a oitava rima é uma estrofe de oito versos decassílabos que devem apresentar rimas alternadas nos seis primeiros versos e paralelas nos dois últimos. Camões utilizou desse recurso para escrever Os Lusíadas. Bem, tentei produzi-la, mas infelizmente alguns versos ficaram com mais de dez sílabas. Consertei apenas um. Aí está:

Amar é escolha. Escolho te amar:
Dou minha face, o lado direito
para você agredir e desmanchar.
Do lado esquerdo, com grande despeito,
recebo teu rancor e odiar.
Depois de te amar, encrava em meu peito,
com força sem jeito, profundo desdém.
Amar é uma escolha da dor também.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Um ano e muito mais.



O que corresponde um ano? Mais do que 365 dias, um ano corresponde às experiências. Choros. Risos. Discordâncias. Felicidade. Desesperanças. Esperanças. Decepções. Planos. Confusões. Erros. Acertos. Amadurecimento. Convicções. Novas convicções. Dor. Prazer. Medo. Coragem. Prosperidade. Aventuras, venturas e desventuras. Um ano corresponde à fusão de tudo isso, e mais: corresponde a um complemento e suplemento dos acontecimentos remotos ou nem tão distantes assim.

Tudo isso, envolve pessoas, cujas capacidades são grandiosas, como a capacidade de alterar-nos parcialmente, ou até mesmo tornar tudo novo em nós. Como mudar nossas convicções e tornar-nos mais convictos daquilo que temos por verdade. Como furtar o nosso melhor e, por sorte, devolver-nos as que possuem caráter (pois se arrependem e devolvem-nos nossas preciosidades, os bons sentimentos).

Por isso, um ano corresponde às pessoas. Pessoas marcadas que marcam nossas vidas, tanto com feridas que deixam cicatrizes, quanto com marcas de um beijo, um abraçado apertado ou uma palavra salutar. Corresponde às pessoas predadoras que tentam nos caçar e perseguir, e também, às pessoas que  matam as predadoras. Um ano corresponde à infidelidade e fidelidade, então lembremos o seguinte: Onde há o que fere, há o que ajuda a sarar a ferida.

Um ano também corresponde às decisões. A cada dia, decidimos o que são pessoas, que livro leremos, se leremos algo, se queremos alguém perto de nós. Decidimos determinar quem é aquela pessoa específica, que comida iremos comer. Decidimos se queremos permanecer naquela profissão ou não, se beijamos, falamos, abraçamos, ou não; se mudamos, se iremos querer nos deixar mudar por pessoas e circunstâncias, ou, simplesmente, decidimos permanecermos como estamos. Decidimos o que é mal e o que é bom.

Por fim, um ano corresponde ao que queremos. Se quisermos um ano feliz, destaquemos em nossa memória os bons momentos (as boas pessoas), e façamos dos ruins momentos uma ferramenta para que possamos retirar algo bom, o aprendizado. Já se quisermos um ano triste, devemos apenas desistir de tudo.

E quanto a mim, quero um ano baú, para guardar todas as pessoas boas que me alteraram positivamente, e das más retirar apenas as experiências que com elas vivi e guardá-las. Não quero um ano ao lado de pessoas completivas, mas, quero um ano ao lado de pessoas que me direcionem ao alcance da plenitude do que eu sou, e que logo em seguida, doem-me seu melhor.

Logo, aos bons doadores que pelo meu ano passou e permanece, sou grata e satisfeita, pois tornam real o que eu quero, quis e quererei.



Inspirada em Vitor Hugo Thimoteo Ramos.

sábado, 6 de outubro de 2012

O 2D não é 3D


Uma vez conversei comigo olhando no espelho e refleti novamente sobre uma questão: O meu reflexo não reproduz fielmente o que eu sou, apenas o que eu pareço ser. Estranho é pensar nisso, o que nem tudo o que parece é. E para algo ou alguém parecer, necessita-se de algo ou alguém genuíno como base de exemplo.  E quanto nós?Será que somos genuínos ou somos meros pareceres como o espelho?

Antes de entrarmos nesta questão, é preciso entender – primeiramente - que as coisas que observamos a nossa volta, por exemplo, não são genuínas, são reflexos ou o resultado de ideias e projetos de seus criadores. Isto é, eles produzem em suas mentes aquilo que nunca existiu fisicamente (ou seja, a ideia) e é esta primeira existência a que chamo de genuinidade. Logo, podemos perceber que -  provavelmente -  todas as coisas que  vemos não são genuínas, mas sim o parecer do parecer, pois nem mesmo nossos olhos reproduzem fielmente o objeto a ser capturado. Ou seja, há alterações sobre o objeto que já é uma alteração da primeira existência, do genuíno (a ideia ).

E quanto a nós, os seres humanos? Por que nossos corpos não são genuínos? Seguirei a minha lógica desde o princípio: não somos genuínos porque não somos a primeira existência e sim o reflexo desta primeira existência. E mais, somos um reflexo corrompido desta primeira existência. É como se nos olhássemos no espelho e sobre a imagem refletida de nossa face desenhássemos com uma canetinha óculos e bigodes, alterando assim, o próximo ao “quase original”, o reflexo. E a essa alteração chamo de corrupção. Sim, possuímos um corpo corruptível, ou seja, um corpo sujeito a mudanças, mudanças tanto agradáveis, quanto desagradáveis a nós.



Agora, imaginemos o nosso corpo genuíno, não corruptível. Imaginemos o nosso corpo não mais precisando se sujeitar a essas mudanças agradáveis ou desagradáveis. Imaginemos a não variação de nosso corpo, a constância do que é perfeito – pois o genuíno é perfeito. Imaginou? Aposto que se deliciou com tal imaginação, porque é impossível não se deliciar com a possibilidade de algum dia ser perfeito.

Vou-lhes acrescentar mais: E se eu disser que este corpo genuíno, incorruptível já existe?Vocês iriam se assustar? Vão achar que sou utópica?

O genuíno sempre existiu, portanto, esse corpo incorruptível também.

E como poderemos alcançá-lo?

Posso-lhes dar uma dica: Não tente com os olhos, pois, como eu já havia dito, eles distorcem – mais- o já distorcido.

O genuíno transcende a nossa realidade material, transcende ao que podemos ver e tocar. O genuíno está com aquele que produziu o inexistente. Então, pergunte a ele, ao Criador, ao Criador MOR, pois ele criou o que não vemos e nos materializou, mas infelizmente corrompemos esse material e o distanciamos bastante do genuíno.  Pergunte, pois, a ele, o Criador primeiro, o Princípio de todas as coisas e o Fim delas.

(Seria muito bom descobrir quem somos genuinamente)



sexta-feira, 10 de agosto de 2012


A dor do amar


 


Amar dói, e como dói amar. Dói tanto amar alguém que não te ama. Dói mais ainda amar alguém que se não ama, porque amar não é sentir, é fazer acontecer. É chorar pro outro rir, é ceder pro outro ter, é sorrir pro outro amar, é perder pro outro ganhar, é morrer por outro viver.


Amar é um desafio que se precisa vencer, por isso pode ser arriscado amar e não ser amado. Mas o que tem nisso?Pelo menos quem ama não é culpado, culpado é aquele que não ama, pois comete um hediondo pecado.


Logo, nessa vida passageira e de venturas, precisamos sofrer. Porque, se não sofrer não é amar, se não amar não é viver.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012


Um dia

 

Um dia, de grande tristeza, a que de mim desejava correr,

A morte chegou bem prestante, com um sorriso complacente,

Solar e doido e delirante,

Disposta a minha vida varrer.

 

Chegou com os seus braços abertos,

Mostrou qual seria o meu norte,

Enlaçou-me num abraço forte,

Lançou-me um olhar bem de perto.

 

Bem perto à minha agonia banhada de vãos vitupérios,

A morte me disse um “Bom dia!”

Na noite, o seu grande império.

 

Mostrou-me, logo em seguida, um alguém de sua família

Não era seu irmão, nem sua tia,

Era o seu primo: o amor, filho da dor.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Cabelo, espelho da alma?


O cabelo é a alma da mulher, o que quer dizer que reflete o que sentimos ou a impressão que queremos passar.  Se a mulher muda a cor ou faz um corte diferente no cabelo, talvez seja porque está em uma nova fase de sua vida como, por exemplo, nova fase profissional, nova fase amorosa e até mesmo novos amigos.

Já que as consequências das mudanças que ocorrem em nossa vida e que afetam nossa alma estão em função dos acontecimentos, logo para a alma feminina mudar a cabeleira muitas vezes é importante, apesar de existirem mulheres que não mudam o cabelo por nada. Isso se dá porque se sentem seguras com aquele estado da alma, com aquele tipo de cabelo.

No meu caso, quando eu tinha os meus onze anos até os quinze anos, mudar o cabelo era questão de morte. Não, não estou exagerando, eu tinha muito medo de cortar. E pintar, então nunca... Quer dizer, no máximo umas mechinhas. Contudo, sempre chega o momento em que você acaba sentindo um desejo de mudança, principalmente quando começa a se descobrir mais, ou até mesmo se mostrar mais ao mundo, sente a necessidade de inserir sua identidade (ou suposta identidade ) à memória alheia. Por isso, talvez, essa necessidade dá-se a maioria das vezes na adolescência.

Comigo não foi diferente. Aos dezesseis anos foi quando eu pintei pela primeira vez o meu cabelo e de vermelho. Uma cor bem ousada e vibrante indo de encontro a minha personalidade (na visão de muitos).  Indo de encontro, porque aos que me conhecem sabem que sou bastante reservada e determinadas coisas me intimidam. Por mais contraditório que seja eu não consigo ver outra cor que melhor se encaixe a mim. Talvez, a escolha dessa cor seja algo que eu já sou (ou estou), mas poucos conheçam.

E quanto às cabeleireiras? São elas a quem confiamos a realização de nosso desejo/necessidade. Elas tornam real a exposição por meio do nosso cabelo aquilo que está em nossa alma. Mas...e quando isso não acontece? E quando ela não alcança aquilo que você é (ou está) naquele momento? E quando ela não faz o seu cabelo refletir o que você sente,refletir a sua alma? Você olha no espelho e não se sente você. E, para mulheres dramáticas como eu, é o fim.  Acostumar, então, com aquilo que não refletiu o que você queria, é péssimo (pelo menos pra mim).

Então, aos homens que acham um “saco” essas questões de cabelo de mulher, entendam: Foi uma das vias que encontramos pra sermos mais quem somos. 

E pra terminar, uma musiquinha do comercial da natura que achei legal: 

"Ó cabelo, cabelo meu,
tão belo, tão poderoso,
tão eu
Rebelde, às vezes,
às vezes dócil,
crespo, liso, ondulado, pichaim
Jeitoso assim
de qualquer jeito
solto, preso, molhado
cheiroso, brilhante e macio
Cabelo meu,
tão belo, tão poderoso
retrato fiel de quem sou eu
Comprido, como deve ser
curto, se ficar melhor
da cor que nasceu
da cor que eu quis
Cabelo
de fio a fio
em cada olhar
eu vejo um elogio
Ó cabelo, cabelo meu
se você não fosse meu
eu não seria tão eu"

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Laura



É tão simples amar.



- Oi princesinha! - Disse seu pai a Laura.

- Papai, eu não sou princesa - Retrucou Laura com a voz embargada, pois queria chorar.

- Por que está dizendo isso? Você é minha princesinha sim! A princesa mais linda pra mim! 

- Não sou princesa! A tia da escola disse que os reis, rainhas, príncipes e princesas não existem! Que só existem na Inglaterra!

O que poderia um pai responder agora? Dizer que era verdade? Otávio não gostava de mentir, mesmo que fosse uma mentirinha boba. Decidiu, então, insistir em dizer você é uma princesa, já que não pensara em nenhum argumento.

- Mas, sou uma princesa de qual reino? A tia disse que não existe reino.

- Existe sim, querida! - Respondeu seu pai, quando havia lembrado de que conhecia um. Sempre quis falar sobre esse reino com sua filha, mas ela era tão nova e não iria compreender. 

- Fala sobre ele, então, papai! Sobre o reino, sobre o Rei.... Ele é bonito? 

- Calma, Laura! Senta aí, sapequinha! Vou contar sobre esse reino do qual você é a princesa! Quer dizer... Uma das princesas!

- Tem outras princesas? -  Laura estava entusiasmada.

- Tem sim, Laura! Então, vou começar falando sobre o rei: Ele é um tanto estranho.

- Estranho... Por que, estranho?

- Porque ele governa de maneira diferente. No seu Reino às vezes é preciso cegar pra enxergar.  

- Hã? Como, papai? Os cegos enxergam mais que os que já conseguem exergar?

- Ás vezes, quando muito se vê, muito quer controlar. E o Rei deste reino quer ter o controle de tudo, principalmente de nossas vidas! E sabe o que é mais estranho? Ele não impõe esse controle! Ele só controla sua vida se você quiser!

- Puxa.. Eu tenho duas perguntas: O que é "impõe"? E por que ele quer ter o controle da vida das pessoas?

Seu pai riu. Laura sempre questionava o porquê de tudo.

- Filha, impor é o mesmo que obrigar. E quanto ao rei, ele gosta de estar no controle da vida das pessoas, porque Ele quer o bem das pessoas, e porque ele conhece muito bem todas as pessoas, mesmo que as pessoas não o conheçam muito bem. Logo, ele sabe o que é melhor pra mim, pra você, pra sua mãe... E também ele é muito sábio e inteligente.

Os olhos de Laura brilhavam. Queria conhecer esse sábio Rei, ainda mais porque ela era princesa do reino dEle.

- Pai! Fala mais!

- No reino dEle, o rico nem sempre é rico, o pobre nem sempre é o pobre, o maior é o menor, e o menor é o maior. O que perde ganha, o que ganha perde, aquele que dá recebe...

- E lá as pessoas se amam muito? E onde fica lá? Como eu vou pra lá? - interrompeu Laura .

- Eita! - Gargalhou seu pai - uma pergunta de cada vez, senão papai se perde! Bem, lá as pessoas se amam muito, muito mesmo. O amor é uma das coisas mais importantes de lá! E quanto as outras duas...

Laura o interrompeu outra vez: 

- Papai, deixa pra lá. Eu já sei a resposta pra essas duas perguntas.

- Qual? - Disse seu pai surpreso.

- O Reino fica onde está o amor.Então, eu já estou nele. É aqui papai! 

Otávio deu um suave sorriso, pegou sua filha pelos braços e com uma lágrima prestes a descer de seus olhos a abraçou.

- Que foi, papai? Por que está chorando?

- Porque você, minha filha, é a maior por aqui.

- Mas eu só tenho sete anos, o senhor é o maior daqui!

Laura balançou seu pai, e instantaneamente ele acordou de suas lembranças.

- Pai, no que estava pensando? Estou perguntando se o senhor pode me levar pra casa da minha prima hoje e o senhor não me responde! Hoje é sábado, aniversário dela, lembra?

- Ai, minha filha, desculpe! Estava lembrando de quando você era pequena... 

- E o que lembrou?

- Lembrei das perguntas que você me fazia e que faz até hoje. Você sempre foi muito questionadora.

Laura riu anuindo com a cabeça. Seu pai, logo em seguida a abraçou e disse:

- Te amo, filha.

Laura admirava muito seu pai, principalmente, porque  dava muito carinho e correção. E aquele era mais um momento carinhoso, porém não entendera exatamente o que estava acontencendo e o porquê daquele abraço inesperado. Decidiu, então, corresponder àquele momento:

- Eu também, pai!


 
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