Uma vez conversei comigo olhando no espelho e refleti novamente
sobre uma questão: O meu reflexo não reproduz fielmente o que eu sou, apenas o
que eu pareço ser. Estranho é pensar nisso, o que nem tudo o que parece é. E
para algo ou alguém parecer, necessita-se de algo ou alguém genuíno como base
de exemplo. E quanto nós?Será que somos
genuínos ou somos meros pareceres como o espelho?
Antes de entrarmos nesta questão, é preciso entender –
primeiramente - que as coisas que observamos a nossa volta, por exemplo, não
são genuínas, são reflexos ou o resultado de ideias e projetos de seus
criadores. Isto é, eles produzem em suas mentes aquilo que nunca existiu fisicamente
(ou seja, a ideia) e é esta primeira existência a que chamo de genuinidade.
Logo, podemos perceber que -
provavelmente - todas as coisas
que vemos não são genuínas, mas sim o
parecer do parecer, pois nem mesmo nossos olhos reproduzem fielmente o objeto a ser capturado. Ou seja, há alterações sobre o objeto que já é uma alteração
da primeira existência, do genuíno (a ideia ).
E quanto a nós, os seres humanos? Por que nossos corpos não
são genuínos? Seguirei a minha lógica desde o princípio: não somos genuínos
porque não somos a primeira existência e sim o reflexo desta primeira
existência. E mais, somos um reflexo corrompido desta primeira existência. É
como se nos olhássemos no espelho e sobre a imagem refletida de nossa face
desenhássemos com uma canetinha óculos e bigodes, alterando assim, o próximo ao
“quase original”, o reflexo. E a essa alteração chamo de corrupção. Sim,
possuímos um corpo corruptível, ou seja, um corpo sujeito a mudanças, mudanças
tanto agradáveis, quanto desagradáveis a nós.
Agora, imaginemos o nosso corpo genuíno, não corruptível.
Imaginemos o nosso corpo não mais precisando se sujeitar a essas mudanças
agradáveis ou desagradáveis. Imaginemos a não variação de nosso corpo, a constância
do que é perfeito – pois o genuíno é perfeito. Imaginou? Aposto que se deliciou
com tal imaginação, porque é impossível não se deliciar com a possibilidade de
algum dia ser perfeito.
Vou-lhes acrescentar mais: E se eu disser que este corpo
genuíno, incorruptível já existe?Vocês iriam se assustar? Vão achar que sou
utópica?
O genuíno sempre existiu, portanto, esse corpo incorruptível
também.
E como poderemos alcançá-lo?
Posso-lhes dar uma dica: Não tente com os olhos, pois, como eu
já havia dito, eles distorcem – mais- o já distorcido.
O genuíno transcende a nossa realidade material, transcende
ao que podemos ver e tocar. O genuíno está com aquele que produziu o inexistente.
Então, pergunte a ele, ao Criador, ao Criador MOR, pois ele criou o que não
vemos e nos materializou, mas infelizmente corrompemos esse material e o
distanciamos bastante do genuíno. Pergunte,
pois, a ele, o Criador primeiro, o Princípio de todas as coisas e o Fim delas.
(Seria muito bom descobrir quem somos genuinamente)